Portaria do governo federal passa por cima de toda e qualquer possibilidade de sensatez quando, ainda diante de uma pandemia que sempre foi renegada por ele e que não acabou, não considera que a maior parte do público é de idosos ou se faz acompanhar por eles quando sozinhos não conseguem acessar os serviços.
Sem abrir negociação com os servidores a direção do INSS, de forma unilateral, decretou o retorno às 40 horas semanais, pondo fim à jornada de 30 horas, realizada em turno ininterrupto e amparada pelos decretos nº 1.590, de 1995, e nº 4.863, de 2003.
Além do desrespeito aos servidores, a insistência em manter a abertura das agências desconsidera também muitos alertas e denúncias dos próprios de servidores que, por todo país, apontam irregularidades como presença de profissionais contaminados sendo obrigados a trabalhar. Esta resistência poderá ainda levar à sociedade a possibilidade de ver acontecer uma greve sanitária, garantindo a vida e saúde dos trabalhadores.
O descaso do governo com os servidores do INSS reforça todas as ações contra a categoria dos servidores públicos em geral. “Vender” uma imagem de que servidor não cumpre seu papel, não trabalha direito, não é produtivo é uma prática comum que, além de tantas outras consequências, prova o desestímulo de todos. Se formos para o mundo corporativo, compreenderemos facilmente que este é o melhor caminho para se acabar com uma empresa, desmotivar os funcionários. E, ainda nesta linha comparativa, se assim são tratados os funcionários, os clientes então, sequer são considerados.
O fato é que os servidores do INSS vêm sofrendo já há tempos com o sucateamento do instituto, a falta de concursos públicos, o acúmulo de funções e tarefas, o estresse ocupacional e, as doenças do trabalho ocasionadas por toda pressão social diante de uma estrutura incapaz de atender a demanda e agora, tendo suas vidas postas em riscos pela arrogante teimosia da gestão federal.
A grande maioria dos setores tem retomado gradativamente o trabalho, considerando grupos de risco, idosos, comorbidades. No caso do INSS, isso não acontecerá e, pior, não há sinais de que serão reforçadas as equipes no sentido de controlar acessos e cumprimento de medidas sanitárias de proteção. Por isso, é muito importante que toda sociedade compreenda este momento e apoie os servidores do INSS e de outros órgãos que, com a demanda reprimida na pandemia, poderão ter uma explosão de presença.
Prefira os atendimentos digitais, conte com a rede de assessores previdenciárias sérias e capazes de auxiliar os cidadãos que precisam do atendimento. Seja humano, tenha compreensão e não perca a racionalidade diante das dificuldades que poderão surgir do atendimento presencial
Aos servidores do INSS, toda nossa solidariedade pela absurda forma de tratamento que vêm recebendo, com decisões autoritárias, sem diálogo e respeito a trajetória de lutas que resultaram no modelo de trabalho atual.